Sempre que falamos fico a sentir
um misto de fragilidade e força. Se por um lado tocas nos meus pontos mais frágeis
com uma maestria cirúrgica como se me conhecesses há anos; por outro lado
impulsionas-me a todos os dias a pensar em mim, a embarcar numa reflexão que
devo ter agora.
De todas as vezes que estamos
juntos, saio impressionada com o controlo que tens sobre o teu discurso, sem
nunca o interromperes para ligares ideias ou substituíres a palavra que afinal não
descrevia exactamente aquilo que querias dizer.
Esta vez não foi excepção.
De todas as vezes, fico eu com a
sensação que não consegui dizer tudo. Que queria ter ficado contigo mais seis,
oito, nove horas a falar, até não termos mais nada para dizer.
Esta vez não foi excepção.
Hoje deixaste-me mesmo de rastos
pois conclui que, ao contrário de ti, não tenho em mim a força para ir. Posso
ter a força para deixar o «todos os dias», mas não tenho a força para, sozinha,
ir por aí em busca daquilo que sou e, com tanta clareza como a tua, definir o
que quero para mim a seguir. Às vezes acho que sou uma alma velha num corpo
novo.
Admiro a tua garra para dizeres
que poucas coisas te prendem e que tens de ir. Que agora é o momento. 24 anos
são o momento. Leva essa garra contigo. Agarra-te a ela quando sentires
saudades e quando achares que é momento de voltar. Não regresses da primeira
vez que sentires que é momento de voltar, não vaciles na segunda vez que isso te
acontecer. Porque só a partir daí te vais transformar naquilo que te esperas
tornar.
Espalha a bondade por onde quer
que vás. Experimenta as mil e uma coisas em que podes ser bom. Abraça aquilo
que despertar os teus sentidos. Liga-me quando quiseres companhia. Quando
regressares, regressa cheio e pleno.
Tinha vontade de partir contigo e
de te ir descobrindo ao longo do caminho.
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