Da quantidade de histórias que podia contar, decidi apresentar um breve retrato de uma menina-mulher.
Menina-mulher? Sim porque na indecisão daquilo que é concentra-se logo o primeiro problema. Como podem exigir que seja mulher se ainda vibra com as estações do ano ou com os campos cheios de flores?
Bem, seja menina-mulher. De olhos pequenos e cabelo farto procura todos os dias a essência daquilo que é verdadeiro. Não de verdade. A verdade pouco importa pois já aprendeu a não lhe dar todo o significado e peso habitual. Então prefere o que é verdadeiro, mesmo que intocável, não palpável.
A menina-mulher escolhe aquilo que a acha completar. Estará escrito num livro que nunca leu, numa música escondida no lado B de um álbum que nunca ouviu, ou nos lábios quentes de alguém que nunca beijou?
Enquanto não encontra, a menina-mulher foca-se naquilo que conhece e que sabe 100% corresponder ao tal verdadeiro.
Por entre os cobertores que a protegem do mundo lá fora e com o chá que a conforta, a menina-mulher sabe que a absoluta paz se encontra nas coisas simples e é a elas que se agarra. As paredes não a contêm. Tal como os pinheiros bailarinos que do lado de fora dançam com a brisa desta estação por chegar, a menina-mulher sonha, sonha. O verdadeiro vai acabar por chegar.
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