segunda-feira, 11 de junho de 2007

Onde andas, MADDIE?

Hoje senti a melancolia dos dias de férias. Ainda não foi a verdadeira melancolia, mas ja posso dizer que passei o período da solidão alargada. Sinto que tenho todas as obrigações do mundo e nada me apetece fazer. enquanto isso acontece divirto-me a brincar com os dedos das mãos e a pensar na existência. depressa mudo de assunto por achar este ultimo demasiado complexo, really. entretanto ouço o ruído do televisor, do telejornal. Pela quinta ou sexta semana consecutiva todos ficaremos a saber o que aconteceu aos pais da Maddie. toda a gente sabe onde anda o casal McCann. Sinceramente nao percebo. mas admiro, admiro a garra que estes arrependidos tem que ter para continuar a procurar a criança que a esta hora muito provavelmente ja não se chama Madeleine, ja nao tem os olhos esverdeados nem tampouco é aloirada. a esta hora o provavel raptor ja nada tem que ver com o retrato robot que lhe foi atribuido e ainda para mais ja deve ter incendiado o casaco de ganga ou qualquer outra pista que o desse como suspeito. Meanwhile, continuam a chegar novas informações às mais variadas polícias, sem que nenhuma se confirme. Os McCann mudaram os tarecos, temporiamente claro, para Marrocos. Mais uma vez foram no encalce da sua menina, e uma vez mais levaram 500 mil televisões, rádios, jornais e revistas atrás mais os não sei quantos milhoes de dólares prometidos e que davam jeito a muitos bolsos. Por um lado realmente admiro todo este folclore, é muito bonito e ainda se calhar, muito se calhar vão encontrar a criança. Mas por outro penso noutra situação: Se por acaso o meu nome não fosse Madeleine McCann e sim Madalena Martins e não fosse britânica mas sim portuguesa, filha de pais nao médicos riquíssimos mas sim de um pequeno comerciante e de uma empregada doméstica, se eu fizesse parte da classe média baixa e não conhecesse pessoas influentes, será que era assim procurada? Será que tinha atraído até mim todas as atenções dos meios de comunicação? provavelmente não. e muito de certeza, o Estado Português não me teria pago nada nem me teria facultado um psicólogo, um acessor de imagem ou quem quer que seja. Teria sido notícia durante 2 semanas, e mais tarde diria-se que afinal tinha ido parar a uma rede de pedófilia e tinha sido mais uma das crianças desaparecidas e não mais encontradas. Nem nunca os meus pais teriam sido financiados para percorrem toda a Europa e agora África para me procurarem, para fazerem o mesmo apelo em todos os países, para irem atrás de pequenas suspeitas; já sei que é melhor que nada. O que as pessoas não têm noção é que desde que a Maddie desapareceu já desapareceram mais de 1000 crianças na Grã-Bretanha e essas, coitadas sem fama mas com proveito, não aparecem no telejornal nem têm os pais, os padres e os psicólogos a sussurrar preces por elas.
Que se encontre a criança o mais depressa possível é concerteza o desejo de todos.

2 comentários:

  1. my favourite writer.

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  2. Quando nos fazem reflectir, paramos no tempo, por entre as mil coisas em que nos debruçamos diariamanete...
    Que todas as crianças que desapareceram dos pais, não desapareçam do mundo, não desapareçam delas mesmas...*

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