Apetece-me dizer-te que nada está perdido. Que a tua infância ainda voltará e que só tens que ser forte o suficiente para a enfrentares, depois de tudo o que já aprendeste. Queria-te dizer que não há nada que dê mais prazer que o reviver de memórias. Mas provavelmente estaria a mentir. Acrescentaria que a infância não passa apenas de uma fase utópica da existência e que tudo aquilo que viveste não passou de uma história infantil contada numa qualquer noite de insónia. Talvez a utopia tenha de facto existido, uma realidade vista pelos olhos de uma criança é sempre uma realidade adulterada. Uma realidade na qual, certamente não te importarias de viver, para sempre.
Podia-te dizer que a minha mão procuraria a tua e que enlaçadas prosseguiriam com segurança o caminho da existência. Que assim nunca mais terias que perder alguém e voltar a sentir a impotência, o abandono da força que nos concede vitalidade e vida. Não terias mais desgostos e a plenitude seria a ambição.
Quero-te dizer que a fantasia existe. Que todos somos história e que a compomos com os nossos sonhos aparentemente insignificantes.
Nuvens cor-de-rosa, caminhos ladeados por árvores que nunca se despem, brinquedos que nos falam e livros que ensinam. Guloseimas gigantes e multicoloridas, cheiro a algodão doce e castelos encantados. Felicidade, partilha e paz.
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