quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Everloving

Desde sempre que Joana sentia o fascínio pelo mar. Várias vezes por semana tinha necessidade daquela maresia, do salitre e da areia entre os dedos dos pés. A frescura daqueles momentos preenchia-lhe o resto do dia e era o suficiente para a fazer andar com um daqueles sorrisos "hoje não há nada nem ninguém que me mande a baixo". Era mesmo assim.
Contudo, Joana continuava à procura. Apesar do mar ser o seu amante, Joana gostaria de poder partilhar com alguém aquela imensidão azul, selvagem e fria. O seu interior sentia-se revolto e vasto, tal como o seu amante. Desejava ter alguém, AQUELE que se banhasse horas sem fim no seu mar, o mar deles.
O vento volta a bater-lhe na cara, vem de Noroeste. Como acordada por um despertador, Joana apercebe-se que muito passa das três da tarde. Já devia ter entrado há horas.
-Pensa, Joana! Ainda tens que te enfiar no carro, conduzir o mais depressa que possas, entrar no edifício e correr para o elevador! Vais ser despedida. Já sabes que a vida é preenchida de consequências e imprevistos. Respira fundo três vezes!
O vento ameniza-se. A areia parece-lhe mais leve, mais quente, sempre acolhedora. Ignorando a sua consciência, Joana arregaça as calças, lentamente, deixando que a sua pele se habitue ao frio que ela quase não sente. Desfazendo-se do blusão corre a passos largos em direcção ao SEU mar, o seu amante.
Os pensamentos, as consequências, os imprevistos desvanecem-se. Assim acontecesse também com a falta de aguém.

Sem comentários:

Enviar um comentário