terça-feira, 24 de maio de 2022

Redenção

 No colo que te dou encontro redenção. 

Expio a culpa que sinto por ser mãe e humana, por não te conseguir abnegadamente amar a todos os momentos. Por cada vez que internamente expludo, farta de te ouvir chorar mais uma vez, cansada de não conseguir terminar uma tarefa do início ao fim, perdida de mim própria pela enésima vez, pego-te ao colo. 

Mesmo que contrariada, mesmo que em silêncio, entorpecida, ou em terramoto por dentro. Pego-te ao colo e tento, devagarinho regular-me a mim ao mesmo tempo que te regulo a ti. E assim ficamos juntas em circuito de regulação, no escuro, abraçadas uma à outra, numa dança tribal mamífera até encontrarmos a calma da qual ambas precisamos.

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