quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Last Hour

Há viagens que fazemos e nas quais não nos deslocamos. Viagens sem sair do lugar. Sonhos, livros e sons poderão levar-nos lá. Mas não é desse tipo de viagens que falo hoje. É um tipo de viagem mais transformadora pois dura 40 semanas. 10 meses de intensa descoberta de mim e da forma como me projecto no mundo. A amplitude de sentimentos inexplicável: a esperança, o desespero, uma espécie de abandono do eu ou o constante deslumbramento com a inata capacidade feminina de me transformar, de criar do zero, de uma forma quase automática, imparável.

À medida que a minha barriga expande, que as minhas ancas alargam e que as minhas mãos e pés crescem, viajo cada vez mais fundo até às profundezas daquilo no qual me vou tornar, daquilo do qual fugi e das coisas que tenho a certeza querer deixar para trás.

Por cada semana que o calendário leva, diminui o controlo, toma conta o deixar ir, a sensação de que apesar de já termos atravessado 3 estações juntas, a viagem está quase a acabar.

A casa tornou-se pequena para albergar esta viagem. Está na altura de avançar.




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