terça-feira, 15 de julho de 2008

Cavaleiro andante

há dias em que sinto vontade de ter uma vida dupla. algo que me distraia deste quotidiano. gostava de ter uma outra identidade diferente, talvez até com outra personalidade e outros gostos. alguém que protagonizasse momentos de insanidade ou de racionalidade extrema. alguém que apreciasse ópera ou hip hop. gostava de possuir todos os diferentes adjectivos: defeitos e qualidades que me tornassem um ser sempre em mutação.
foi quando me apercebi que sentia isto que percebi a heteronímia. não é justo vivermos agarrados ao mesmo "eu" toda vida. mesmo que a minha maneira de ver o mundo mude com a idade e com a experiência, viverei para sempre confinada à minha primeira existência. e isso é uma injustiça profunda.
todos nós devíamos ter o direito a possuir a essência de um qualquer outro.
todos nós deveríamos sentir a necessidade de nos fragmentarmos, de sermos plurais.
o facto de termos que lidar sempre com o nosso âmago, sempre igual mas mesmo assim incompreensível, só faz da existência um tempo ainda mais ingrato para se viver.

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