segunda-feira, 21 de julho de 2008

Waiting on an angel

-Avó quero ouvir uma história antes de dormir!
-Qual? A do burrinho, minha flor?
-Não, avó. Quero saber de si e do avô...hum..quando é que a avó e o avô se conheceram?
-Há muitos muitos anos atrás. A avó e o avô trabalharam juntos durante um Verão. O Verão de 2006. A avó tinha 16 anos e o avô 19. Foi nessa altura que se conheceram.
-E como é que isso aconteceu, avó?
-Lembro-me como se fosse hoje. O avô vinha com aquele ar meio desgrenhado, com pouca vontade de trabalhar. Trazia consigo uma mochila que logo abriu. Retirou de lá uma livro. Eram crónicas, de António Lobo Antunes. Pôs os pés em cima da mesa e começou a ler com o ar mais impertigado do mundo.
-Avó, gostou logo do avô?
-Não, minha querida. O avô parecia um bocadinho convencido e insuportável, mas cedo percebi que talvez fosse uma maneira de seleccionar as pessoas com quem se dava. Ou então uma forma de chamar a atenção. Por trás daquela máscara estava outro avô. A avó apaixonou-se por todas as suas facetas. E tudo aconteceu muito rápido.
-E depois avó? Conte-me mais!
-Ora, minha filha, o amor foi crescendo. A par com ele cresceram também a sinceridade, o à vontade, o desejo, a satisfação, a amizade e a confiança.
-Quer dizer que o avô era o seu melhor amigo?
-Sim, o avô é ainda hoje, das poucas pessoas que merece que a confiança e a sinceridade da avó.
A avó cresceu muito enquanto partilhava a sua vida com ele. Sabes, a vida a dois, com alguém que realmente goste de nós vale muito mais a pena.
-Então, a avó e o avô estiveram sempre juntos, desde que se conheceram?
-Nem sempre meu anjo, mas acho que está na hora de dormires. O resto da história fica para outro dia. Toma um beijo de boa noite, minha flor.
-Boa noite avó.

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